Introdução - A intuição, o instinto, a natureza

11/27/2014

Essa é uma reflexão que faz parte há pouco tempo do meu dia-a-dia, mas como ela me ajudou muito – e ajuda ainda!, a entender diversos comportamentos do meu bebê, eu acho que devo compartilhar. Quem sabe não serve de auxílio pra outras mamães?!

A natureza é muito perfeita e fez com que nosso corpo e nossa mente se prepare durante toda a gravidez pra chegada do bebê. Desde as primeiras semanas de gravidez começamos a sofrer alterações hormonais que mexem com todo o nosso corpo. Aos poucos somos preparadas pra amamentar nosso filho, pra dormir menos, pra ter um sono mais leve que nos possibilite socorrer nosso bebê mesmo enquanto dormimos, entre muitas outras mudanças que acontecem independente do nosso querer.

Eu sempre me perguntei como é que uma cachorrinha quando dá cria sabe exatamente que deve abrir a placenta de cada filhote, lambê-los e deitar-se pra dar de mamar? Como os filhotinhos sabem exatamente que devem mamar, se apenas acabaram de nascer?

É a natureza, é o instinto. Conosco não é diferente. Os hormônios prolactina e ocitocina fazem com que a produção de leite materno seja iniciada, já durante o parto. E o bebê por sua vez, nasce com o reflexo de sucção que faz com que assim que algo encoste nos seus lábios, ele abra a boca buscando o seio da mãe pra se alimentar. É incrível, não é?

Quando eu estava grávida eu acreditava que tudo o que o meu bebê precisava era amor. Todo o resto seria uma consequência natural do amor que eu daria a ele. Por exemplo, se eu o amo, eu irei automaticamente alimentá-lo da forma correta.

A verdade é que nós hoje em dia vivemos absurdamente distante da natureza, do primitivo. Nós sofremos influências vindas de todos os lados da sociedade e isso já nos afastou muito da possibilidade de tomar decisões exclusivamente contanto com o instinto ou com a intuição. Nós vivemos em uma sociedade que nos bombardeia de informações a cada piscar de olhos e muito daquilo que acreditamos ser “instinto”, não se passa na verdade de idéias colocadas nas nossas cabeças ao longo de anos.

Os bebês, por outro lado, chegam ao mundo livres de todo esse input social. Os bebês de hoje reagem instintivamente idênticos aos bebês primitivos. Eis que surge um conflito de entendimento entre a mamãe manipulada pela modernidade e o bebê, com sua pureza e instinto naturais.

Esse conflito vai se repetir em milhares de situações ao longo do crescimento do bebê. Mas e aí, como identificar e solucionar estes conflitos? A grande resposta é informação. Já que estamos tão longe do “natural”, a gente tem que tentar correr atrás do nosso instinto maternal entendendo um pouco melhor sobre a evolução. Mas como assim? Eu acabei de virar mamãe e tenho que entender de ciência?

Não, ninguém tem! Mas eu garanto que entender como a natureza “programou” nossos bebês vai facilitar muito o modo como maternamos e como refletimos sobre a maternidade. Informação de certa forma vai nos libertar de todos os nossos medos e fazermos com que possamos agir de forma mais instintiva. É como se “estudar” nos fizesse ficar mais próximo do primitivo, por mais paradoxo que pareca.


Notas:

O responsável por essas reflexões que eu acabei de mencionar, é o maravilhoso livro alemão "Kinder verstehen – das Sachbuch zur kindlichen Entwicklung aus evolutionärer Sicht" (Entendo as criancas - um livro técnico sobre o desenvolvimento infantil a partir da perspectiva evolucional) do pediatra Dr. Herbert Renz-Polster. O livro é vendido somente em alemão, mas um exposé em inglês, você encontra aqui.

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1 Kommentare

  1. Oi Karla,
    adorei a reflexão. Acho que se a gente aceita esse "lado bicho" a vida na gravidez/pós-parto fica tão mais simples... Fiquei curiosa com o livro!
    Parabéns pelo blog e pelo filhote.
    bjs

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