O 4º trimestre de gravidez

4/14/2015

Assim que deixei a maternidade a parteira veio fazer a sua primeira visita aqui em casa, como é de praxe na Alemanha. Ela me explicou algo que eu achei extremamente interessante e ainda não tinha ouvido antes: os primeiros 3 meses de vida do bebê era pra eu encarar como o meu 4º trimestre de gravidez.

Logo que ela me explicou o porque, eu achei curioso e interessante, mas a verdade é que essa simples frase marcou muito o meu início de rotina com um bebê em casa, além de ter me dado muito conforto e segurança.

Mas porque o tal "4º trimestre de gravidez"?
O bebê passou em média 40 semanas dentro da barriga da sua mãe e tinha o ambiente perfeito ao seu redor pra fazer ele se desenvolver. Era escuro, quentinho, livre de inúmeras impressões visuais, aconchegante, ele escutava o seu batimento cardíaco constantemente e ele ainda não precisava lidar com sentimentos como fome, sono ou cansaço.

Assim que um bebê nasce ele é confrontado desde o seu primeiro segundo de vida fora do aconchego da mãe com uma série de sentimentos e impressões antes desconhecidos. Ele aprende a respirar, ele tem que lidar com a fome, tem que pela primeira vez usar por completo seu aparelho digestivo, além de lidar com a claridade, os sons, frio e calor, entre tantas outras mudanças.

Tudo isso, ligado ao fato de que o único método de comunicação é o choro e de que seu sistema digestivo ainda está imaturo - o que provoca em muitos bebês, desconforto e cólicas -, ele vai sentir muita falta de estar envolto pelo calor do corpo da mãe.

Quem nunca escutou de uma recém-mamãe que o seu bebê só quer colo? Que ele só adormece no colo? Que ele sempre chora se é colocado no bercinho ou rapidinho no sofá?

A reação do bebê ao chorar quando for "deixado de lado" é extremamente normal. Ele não conhece o fato de estar sozinho. E voltando pra questão evolucional: o bebê foi programado pela natureza pra ser levado sempre no colo da sua mãe para todos os lugares pra que ele não fosse capturado por outros animais como fonte de alimento, por exemplo. O choro do bebê é o seu maior sistema de segurança contra todos os perigos ao seu redor, já que através do choro a mãe acode seu bebê e o livra do medo de estar só e de ser deixado só. Nenhum bebê sabe que atualmente as casas são locais seguros onde eles não correm os riscos de vida que corriam há milênios de anos atrás.

Fonte: everystockphoto.com


Aceitar que a vida mudou é um bom começo
Para mim a primeira grande dificuldade da maternidade foi aceitar que eu não era mais prioridade, aceitar que só poderia tomar meu café e iniciar meu dia, depois que todas as necessidades essenciais do meu bebê estivessem saciadas. E mesmo com suas necessidades saciadas, haviam os momentos (a maioria deles!) em que ele simplesmente não queria ficar no sofá pra que eu pudesse sequer tomar um copo d'água.

E é nesse ponto que encarar os primeiros meses de vida do seu bebê como um 4º semestre de gravidez me deram conforto e segurança. Trate o seu bebê como se ele ainda tivesse na sua barriga nos primeiros meses, de muito colo, amor e aconchego. Você, recém-mamãe que está cansada e que não sabe mais o que fazer porque você "mal consegue ir ao banheiro", aceite que seu bebê precisa muito, muito de você. Ele precisa do seu carinho, de que você dê segurança pra ele.

Em determinadas situações da vida aceitar uma nova situação pode significar a solução dos seus problemas. Dê colo pro seu bebê que você terá dias muito mais tranquilos, menos stress e estará acima de tudo mostrando pra ele que ele sempre poderá contar com você quando precisar. Você vai estar construindo uma relação de confiança com ele desde pequenino e isso é essencial pro seu desenvolvimento.


E a solução? 
A solução depende de cada um. Eu moro muito longe da minha família e tão pouco tenho ajuda de diaristas ou babás. Meu marido passa o dia fora trabalhando. O que significa que eu jamais teria como ficar com meu bebê no colo, somente com uma mão livre ou deitada com ele no sofá esperando alguém trazer minha comida, limpar minha casa ou ficar com ele por um instantinho enquanto eu cozinho ou vou ao banheiro.

Pra mim foi sempre muito óbvio que eu iria oferecer pro meu pequenino o que ele precisasse. E não importa se isso significasse estar juntinho de mim várias horas por dia. Deixar chorar nunca foi uma opção e lembre-se: não há como mimar um bebê que acabou de nascer!

Um wrap foi algo que me deu a possibilidade de ter mais independência e mobilidade dentro ou fora da minha casa, sem deixar o meu bebê insatisfeito. Assim ele fica no aconchego do meu colo, as minhas mãos ficam livres pra eu fazer o que for preciso em casa, ele dorme como um anjinho sentindo o meu batimento cardíaco e tanto eu, quanto ele, ficamos felizes.

Fonte: http://jeportemonbebe.com/

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1 Kommentare

  1. excelente texto, Karla. vou passar a mostrá-lo pras amigas-grávidas quando falo pra elas sobre exterogestação. :)

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